sábado, 17 de setembro de 2016

O que é uma feminista?

Quando penso no que é uma feminista, penso em todas as mulheres fortes que eu conheço e que resistem no cotidiano a uma vida difícil para as mulheres. As mulheres que são arrimos de família, que chefiam seus lares, que resistem à violência a que são submetidas, ainda que essas resistências estejam ainda no plano do individual, do cotidiano e que não se tenha rompido com o ciclo da violência; as mulheres que ousam não se submeter às pressões sociais que determinam o que é ser mulher (mulheres que decidem ser mães de cachorros, que decidem não ter filhos biológicos ou as que decidem adotar); mulheres que se desdobram em várias para manter financeiramente um lar ou para ajudar a mantê-lo junto com os maridos; as mães solteiras; as que trabalham fora e estudam assumindo triplas jornadas de trabalho; as que ousam também desafiar o que se entende comumente por feminista e decidem ter uma vida voltada ao lar e ao cuidado com os filhos; as que estão ocupando espaços historicamente masculinos (na construção civil, na direção dos transportes públicos, na condução de tratores, nos grupos de choque da polícia); as que estão no sertão resistindo à seca e à fome; as garotas que são abusadas sexualmente e conseguem ser resilientes ao ponto de fortalecer outras mulheres ou escrever sobre isso; as mulheres da comunidade que resistem às crises econômicas, aos desempregos; as que decidem separar e não casar mais ou as que casam e procuram ter relacionamentos mais democráticos com os parceiros; as que andam de bike na cidade e sofrem assédios dos motoqueiros e ainda assim resistem; as que decidem ter relacionamentos que não sejam fixos; as que ascendem socialmente e conseguem alcançar uma universidade; as mães universitárias; as mulheres maduras que ocupam lugares nas faculdades privadas porque as universidades públicas ainda são sonhos distantes de sua realidade; as líderes comunitárias que eu atendia como assistente social e que eram capazes de liderar toda uma comunidade, combater a violência e ter poder e influência política; nas meninas que estão em profissões que historicamente foram masculinas, como a Engenharia Civil; as que superam relacionamentos abusivos; as mães que se desdobram para que as filhas estudem. Todas elas estão também questionando, na prática, modos de ser mulher, modos do que se diz que é ser mulher e lutando no cotidiano para mudar suas condições objetivas de vida, das suas filhas ou num plano ainda mais coletivo para todas as mulheres. 

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