sábado, 25 de novembro de 2017

Sobre seus três meses de vida...

O tamanho das roupas muda rápido, de modo que já sinto saudade daquelas que você vestia quando recém-nascido. É o que chamam de saudade aliviada. É um não querer voltar no tempo, sentir alivio porque já passou e fui forte por chegar até aqui.  

Seu peso mede o tamanho do nosso cansaço, das nossas dores nos pulsos e nas costas.

Um filho é algo mais perto do divino que possamos imaginar. É você ter o poder da criação. É brincar um pouco de ser Deus. É amar alguém mais que a si mesmo. É o desejo de proteção, de que emane um poder curativo sobre ele, de moldar um ser humano. Mas você percebe que a redoma é porosa e que você não pode tudo, não tem controle sobre muita coisa ainda.



Os dias ruins me fizeram perceber o valor que tem os dias comuns: dias nos quais posso te carregar nos braços, mudar você de posição, te dar um banho. Enfim, criar estratégias para ti fazer o bem. Estou aprendendo a ti colocar em primeiro lugar, mesmo que isso custe meu próprio bem estar. Minha vida gira em torno de você agora.

Meu amor, se você soubesse como o mundo dos adultos é complicado, desejaria ser uma eterna criança! Eu ainda olho para você, que cresce tão rápido, e tenho medo de toda essa responsabilidade que carrego. Responsabilidade de sustento financeiro, de ensinar a viver quando nem mesma eu sequer aprendi! Ainda cometo erros dignos de jardim de infância. Você está aprendendo a viver, mas eu também! Às vezes sou só uma menina criando um menino. Só queria que você soubesse que o que eu pude fazer foi o melhor que consegui.



Às vezes me demoro no banheiro propositalmente. Porque o tempo sozinha agora é algo escasso e eu preciso dele. A desculpa do banheiro é para fugir um pouco da função que pesa. Às vezes eu só queria desligar-me por alguns minutos que sejam, só eu e o nada. Não fosse a mão de Deus em tudo, te confesso que já teria pirado. Sinto que Ele me capacita todo dia mais um pouco.



Quanto ao fim da licença de quatro meses: definitivamente não é suficiente!

Uma vez ouvi que cada fase é um desafio diferente. Não dei tanto valor porque imaginei: o que pode ser mais pesado que o primeiro mês? E esses novos desafios vinheram: os dentes, seu enjoo por causa disso, a sensação de que minha vida acabou porque já não faço quase nada direito. Como comida gelada em pé de olho nos seus rápidos cochilos que me dão rápidos descansos. Quando chega a noite, tendo planejado o dia todo para estudar, eu só consigo deitar na cama e dormir exausta. O notebook, os livros da tese e as apostilas dormem ao meu lado. Três banhos por dia é um luxo. Banhos demorados, então, nem se fala! A casa muitas vezes fica uma zona ao meu redor. Qualquer pessoa que entrasse diria ser um ambiente insalubre para crianças. Não posso fazer nada diante disso!



Aprendi que com crianças não se planeja nada. Seus planos podem ir abaixo em poucos segundos. É estar sempre à disposição para ter que sair de casa às pressas, ter uma bolsa preparada, pensar sempre num plano b, estar disposta a sair de onde estiver para atender o chamado de socorro de um filho. É querer ter momentos de folga dele, mas, ao sair, não parar de pensar um segundo sequer naquele rostinho lindo sorrindo e ter certeza de que não pode mais viver sem ele.

Entender que não preciso levar tão a sério alguns conselhos de médicos, por exemplo: sobre bicos, remédios e passeios. No cálculo frio da medicina não entra o consolo de um bico para dormir, para lembrar a mama que não deu certo, para curar a irritação. Também não entra o remédio que alivia o desconforto do nascimento dos dentinhos. Não entra na conta o passeio como a saída de uma mãe da clausura doméstica, um conforto para sentir-se ainda vivente do planeta Terra, saudosa de gente e, de quebra, um filho mais sonolento quando volta para casa. Um cachorrinho que arranque dele as melhores gargalhadas.



Vou criando estratégias para tornar toda essa rotina menos desgastante. Tomo tanto banho de sol quanto você, danço com você, canto e aprendo cada musiquinha. O lúdico voltou para a minha vida! O magico, a fantasia, a lenda, os contos de fada, os desenhos e a esperança. Algumas dessas músicas fazem todo o sentido na minha vida de adulta e explicam um pouco do que sou hoje. Preciso mergulhar no que você faz e reaprender a ser um pouco criança novamente. Então as músicas que giram na minha cabeça são as suas.


Maternidade não é magia, é muito sofrimento. Coisas que o facebook não mostra e as pessoas não dizem. Fico sugando de mim sentidos mais profundos de toda essa experiência. Não espero nem quero esperar gratidão, embora eu mereça. Se assim o fosse, sua dívida comigo seria eterna!

Aprendi que o que te faz rir não são os brinquedos mais caros, mas punhos de rede, batidas de travesseiro na cama, blusas coloridas e corridas do seu cachorrinho pela casa.

Começamos a ganhar o mundo!

Quando penso que estou capacitada para você, vem algo me mostrar minha impotência.

Para cada mês que passa, poderei olhar para trás e perceber o quanto fui forte. Isso me consola. Parece que lá do alto Deus diz: preciso armar as mães com uma armadura forte.




Escrevo para extravasar, para dar sentido, para aliviar, para encontrar outras mães na mesma sintonia e para não pirar. Vejo outras mães, em outras fases da maternidade, que conseguem fazer coisas que eu gostaria e deveria estar fazendo e sinto uma ponta de inveja. Contudo, sei que não é mais o momento e só me resta aceitar e esperar o meu momento também. Aceitar o inevitável da vida. Escolher se na hora que você dorme eu descanso, estudo, limpo alguma coisa. Saber que a escolha que eu tomar deixará todo o resto de pernas para o ar. Aceitar que pelo melhor que eu faça, você passará por situações inevitáveis da vida como dor, doença ou desassossego. Orar baixinho quando sentir algo sobrenatural de alguém lançado sobre você. Aceitar com mais serenidade isso que tem relação com aceitar que somos feitos da mesma carne humana perecível e frágil. Aceitar que a redoma é porosa. Aceitar que já não sou mais eu, que eu não venho em primeiro lugar na maioria esmagadora das vezes, que você é minha sombra e também meu combustível na vida. É o que me faz ficar em pé ainda que não tenha forças. A escolha que não posso abdicar para construir forças de onde não tenho para manter-me sã, saudável, viva e forte. Porque até adoecer parece que não posso. Quando estou fraca é que preciso me fazer forte. 

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Pausa para enlouquecer

Porque a vida exige que a gente seja feita de aço, quando somos feitas de carne e osso. Porque viver é esse eterno quebrar-se e também ter que juntar os próprios cacos e se recompor; rasgar-se e se remendar. Porque seu amor não foi retribuído. Porque você não é capaz de conter a dor de um filho. Porque você não tem controle sobre seu futuro. Porque às vezes não consegue controlar nem a si mesma. Porque as pessoas vivem te julgando. Porque você tenta suprir as expectativas dos outros para não ser tão julgada. Porque cada pessoa é uma verdade parcial, um personagem que você inventa para si mesma. Porque o bem que você quer, não faz, mas o mau que não queria fazer, é esse o que acaba fazendo. Porque você não se deixa em paz. Porque você ama e as pessoas te amam de outro jeito. Porque você faz o seu melhor, mas aquilo que não fez é o que vão apontar. Porque você constrói castelos de areia mesmo na vida adulta. O vento bate e vai levando tudo aos poucos. Porque você convive a vida toda com uma pessoa e, do nada, tem que ver a pessoa dentro de um caixão sem vida. Porque uma pessoa com vida entra em estágio de putrefação. Porque você precisa conviver com isso. Porque as verdades geralmente são as coisas mais dolorosas de serem ouvidas. Porque existem outras pessoas que você precisa matar em vida, aquelas mortes que você tem que fazer no coração e na mente. Porque a vida nunca espera para que você se recomponha. Ela fica ali, exigindo de você insensível à sua dor. Porque o assaltante levou a bolsa da mulher na rua, os cachorrinhos que a vizinha criava com tanto amor, mas também leva sua credibilidade no mundo e nas pessoas junto com ele. Porque isso te dá pânico. Porque você faz o seu melhor mas não é reconhecido. Porque você sofre por um filho e sabe que esse amor às vezes nem é retribuído. Porque você sabe que vai morrer e os outros que estão ao seu redor também, mas nunca está preparado para isso. Porque você sofre um tempo enorme com coisas que não farão sentido algum pela frente. Porque você tem mil coisas a fazer e não tem força para mover uma palha. Porque a vida parece um conta-gotas que só cobra sua conta. Quando se viu, já se está com quase 40. Porque o tempo passa, mas também porque ele não passa e também porque não volta. Porque você não pode voltar para fazer as coisas diferentes e precisa aceitar seus erros. Porque presença pode se tornar sufocante. Presenças também podem ser ausências presentes. Porque às vezes se está rodeada de pessoas, mas se está só. Porque você precisa de cédulas de papel para viver. Porque você estuda uma vida toda pensando em um dia viver, usufruir. Daí a vida passa. Porque você acredita que estudar, conseguir um bom emprego, é vencer na vida. Porque nunca se sabe o que vai acontecer daqui a um minuto. Porque se quer ficar, mas se quer sair. Porque quando se conquista algo, passa a não fazer mais sentido.




Por isso entendo as fugas. Ouvir música é fugir. Dançar é fugir. Malhar até queimar a carne é fugir. Às vezes o músculo precisa doer para evitar a consciência. Correr, caminhar, saltar, é fugir. Cantar é fugir. Beber é fugir, comer também. Ler é fuga. Dormir é fuga. Enlouquecer é fuga. Beijar e transar pode ser fuga. Drogar-se é fuga. Meditar é fuga. Rede social é fuga. Desabafo é fuga. Religião é fuga. Fugir faz parte. É o ingrediente necessário para nos mantermos vivos. 

sábado, 4 de novembro de 2017

Conselhos à mãe que fui no primeiro mês de vida do meu filho

Se eu pudesse aproximar-me de mim mesma com as experiências que tenho hoje, eu me diria muitas coisas. A primeira delas e que eu não dei importância quando ouvi de outras mães: VAI PASSAR! As inúmeras vezes que você irá acordar durante a madrugada, as inúmeras fraldas trocadas, o choro incontido do bebê pelo leite que não descia, o seu choro porque o leite não descia, a impossibilidade de movimentar-se para acudir o choro do bebê por conta das dores da cirurgia... TUDO PASSA!



Na sala de cirurgia nascerão duas pessoas, um bebê e uma mãe. Você vai ter que aprender a amamentar, porque não é simplesmente colocar o bebê no seu peito. Terá que aprender a ler os sinais dele, o choro. Com isso, aprender o que é fome, fralda suja, vontade de dormir, de mudar de posição, cólica ou desejo de colo.



Não pense no futuro, nas coisas que tem para fazer, nos projetos que ainda pensa em realizar. Não se martirize com isso, porque simplesmente não dá para pensar em nada disso agora. Simplesmente viva o que foi esperado por nove meses. Use a licença até a última gota, pois ela serve para isso mesmo. 



Os outros é o que menos deve importar nesse momento. Educação vem em segundo lugar (outro conselho que ouvi). Então, não se constranja de dizer que não pode receber visita quando estiver exausta da longa noite insone; de estabelecer limites, regras e horários. Tudo porque, em primeiro lugar, vem a criança e você. Os outros que entendam! Quem te ama e se importa com vocês, certamente vai entender.



Para você, o bebê é a novidade. Para ele, o mundo todo é uma novidade de difícil adaptação. Então, entenda como todo esse ambiente é estranho, diferente e estressante. O choro é a única forma dele se comunicar. Não se desespere com ele!



Respira, inspira, não pira! Você deveria repetir essa frase para si mesma várias vezes ao dia, como um mantra. Respirar fundo a cada palpite mal colocado, a cada incompreensão, a cada falta de bom senso e de educação. Também permita-se pirar se algo te incomoda. Já são muitas coisas para administrar entre você e o bebe para ter que lidar com a loucura dos outros.



Não pira, menina! Se a maternidade muitas vezes é fardo, também pode ser diversão. Então, permita-se a oportunidade de reviver a infância. Se for para cantar, que seja alto, maior que a sua voz interior te culpando, te fazendo pensar demais. Se for para dançar, que pule, rebole, o corpo reviva coreografias aprendidas na infância, a dor da dança seja maior que resquícios de dor da cesárea. Entre na dança! Se for para fazer o bebê rir, se faça de palhaça!



Ser mãe é ter que se envolver... Na dança, na brincadeira, na dor. Para cada estágio, uma evolução. Haverá o momento de apenas balançar chocalhos, mas haverá o momento de montar legos, quebra-cabeças e jogos de tabuleiro. Haverá o tempo de falar perto dele. Converse mais, tira a tua timidez, a tua inabilidade com criança. Ora, canta, desabafa, chora, mas fala!




Você não pode ser diferente. Se errou em algumas coisas, acertou em outras. Os seus erros foram tentando acertar. A maternidade tem sempre disso, de coisas que pecamos por um lado tentando fazer o melhor que podemos. O meu melhor foi isso, pequeno.  

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Feminismo não é religião!

O feminismo não deve ser visto e exercido como uma religião: precisamos catequizar as pessoas e torná-las feministas. Feminismo, definitivamente, não é religião. Nosso projeto de sociedade não está assentado em outros planos do cosmos, mas sim no mundo terreno, na sociedade atual. As mudanças que queremos para o mundo devem estar plantadas aqui mesmo, no chão da realidade. O mundo ideal não está num plano superior, divino, inumano; ele pode e deveria estar aqui, fincando raízes na Terra. Talvez esse plano ideal nem precisasse mais do feminismo, pois nele as pessoas tratariam umas às outras com respeito.

Nosso intuito não é catequizar ninguém, nem mulheres, nem homens, nem antifeministas. Quando falamos que mulheres deveriam ser atingidas pelo feminismo é o mesmo que dizer que mulheres deveriam saber enxergar as amarras de violência, de abusos a que estão submetidas. Também não é um discurso no qual somos vistas como as mulheres que detêm um saber-poder que deva atingir as que não tem, que são mulheres alienadas das relações de poder que estão submetidas. Nós, feministas, também estamos inseridas nessas relações de poder e nos vemos em contradições pessoais e sociais que precisamos mudar.

Não propomos uma cruzada santa (ou mesmo profana) contra os homens ou a igreja de Cristo na Terra. O que propomos são relações mais saudáveis entre homens e mulheres, respeitosas, livres de violências e abusos. O que propomos é um caminhar lado a lado: nem abaixo dos homens, nem acima deles.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Com quais ingredientes se faz uma feminista?


Para alguns, adicionando uma dose de nazismo, pelos nas pernas e axilas, uma porção de “lesbianismo”, uma vontade de ser e tomar o lugar dos homens, autoritarismo, ateísmo, falta de Deus, de conversão ou do que fazer, loucura, masculinidade, comunismo e não aceitação dos papéis que a “natureza” ou Deus predeterminou.



Para uma boa dose de coletivos feministas, uma sororidade quimérica, uma necessidade de politização da vida social de outras mulheres e da própria vida, em todos os aspectos. A independência e a autonomia confundidas muitas vezes com autossuficiência. Uma mulher maravilha, quem sabe?



E o que eu acho que devam ser os ingredientes de uma feminista?

Os ingredientes que cada mulher puder ter em seu estoque pessoal, na própria dispensa. O fermento vai funcionando paulatinamente, pois ninguém já nasce feminista totalmente desconstruída. O combustível também depende de cada uma. Tem mulheres que usam combustível na escrita, outras nas ruas, outras na vida pessoal. O importante e o que faz ser feminismo é respingar esse combustível em outras mulheres.

Para ser feminista não existe receita. Basta não querer se sentir uma merda, um nada. Basta não querer carregar a culpa do mundo nas costas ou ser responsabilizada pela atitude dos outros. Basta olhar com desconfiança para o mito do gene sexual que TUDO manda em mim, controlando cada passo que dou, cada gosto, cada pensamento.



Você pode até se relacionar com um macho alfa. Pode até não ter a divisão sexual do trabalho doméstico dividida igualitariamente com seu parceiro. Pode até competir com outras mulheres vez ou outra sem se dar conta. Pode não conseguir educar seus filhos de forma totalmente desconstruída. Pode ser cristã, mãe, esposa, feminina.


O que une uma feminista a outra é que, primeiro, somos mulheres. Não nos conformamos com o machismo, ainda que não tenhamos a força suficiente para mudá-lo sequer em nossas vidas pessoais. Ninguém pode carregar nas costas o peso de mudar o mundo à sua volta porque ninguém tem esse poder. O que podemos fazer, no máximo, é sair questionando as coisas. Isso força as pessoas a se depararem com outros pontos de vista, mesmo que seja para reforçar esses mesmos pontos de vista. O que une também cada feminista é estar mergulhada em machismos e não se conformar com eles, mesmo num silêncio angustioso, profundo... Em casa, na rua, nas relações. Então, sinta-se à vontade para ser humana, real, falha, de carne e osso, com todas as suas fraquezas e, ainda por cima, feminista.  

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Carta ao Vitor III


Meu príncipe,

Difícil olhar para você, um pedaço da minha carne separado de mim, e vê-lo sentir dor. Quisera eu poder sentir por você. Quando você chora, parte o meu coração. Mesmo assim, espero que você aprenda a chorar sem medo quando precisar. Descubra que chorar, expressar o que sente, é coisa de homem, é normal, legítimo, é coisa de gente!

Você também vai entender logo que existem pessoas que te farão chorar. Escolha ser a pessoa que chora e não a que faz chorar. Sempre. Escolha ser um homem transparente, sincero, honesto, com caráter. Faça o certo mesmo que todos estejam fazendo o errado. Nunca tome o errado por certo. 



Um dia as escolhas vão deixar de ser brinquedos. Seja coerente com as suas escolhas. Não seja apenas um frequentador de igreja. Não seja apenas um aluno frustrado na faculdade. Não minta, não omita. Escancare quem você é. Não se esconda em tantas máscaras! 



Saiba que ser isso tudo tem um preço e que é difícil no mundo de hoje em que as pessoas costumam escolher várias vezes serem desonestas com as outras. Aprenda a não ser a pessoa que faz o mau à outra. Aprenda a amar! Paixão vem como um furacão e sai levando muitas coisas de você. Amor apenas soma. Paixão te arranca algo. Amor alimenta, une.



Um dia, meu querido, você vai preferir a dor das cólicas, do joelho ralado, do que a dor do coração, aquelas que não se vê e que às vezes não há remédio no mundo que faça curar, parar. 



Um dia talvez você deseje ser grande, adulto. Vou estar aqui para dizer que tenha muita calma, respire fundo e viva plenamente sua vidinha de criança. Você terá saudades dela. O mundo das pessoas adultas é confuso. Vou estar cada vez mais impotente para defender  você do mau que as pessoas podem te fazer. E elas vão te fazer, às vezes de onde você menos esperar. 

Você vai entender um dia que existem laços que não se rompem. Eu sou um desses laços para você. Existem outros como os castelos de areia que você fará na praia, tão frágeis, perecíveis e sujeitos às ondas do mar. O laço que nos une é o mais próximo do divino e não há amor no mundo comparado a esse.



Quando aprender as letrinhas, terá acesso a um mundo. Que esse acesso seja repleto de amor. Saiba que as palavras podem ter o poder de ferir outras pessoas, mas também libertar. Faça bom uso delas. Dentre elas escolha sempre o amor e as palavras gentis. 



Aprenda que você não é privilegiado no mundo por ter uma pintinha e ser homem. Ser homem não se resume a um genital tido como um troféu. Pintinhas são apenas pintinhas! 

A maioria das coisas que te falarem que é ser um homem, não acredite e nem queira ser. Vão te dizer para ser um "pegador", que arrasa o coração das mulheres. Você não precisa arrasar o coração de ninguém para mostrar quem você é ou para te dar a falsa sensação de ser feliz. Sua felicidade não pode depender de pisar em ninguém. O mundo pode ser melhor para as pessoas. Escolha fazer desse mundo algo melhor. Se você puder ser dessas pessoas, você já passou por aqui fazendo sua revolução pessoal. Não seja mais do mesmo. Dê um aignificado diferente para o que venha a ser um homem. Não herde essa cultura. Desenhe uma forma nova de ser. 

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A mulher do cartaz de amamentação

Está estendido na parede dos hospitais, nas clinicas, exposto nas redes sociais, circulam campanhas de apoio à amamentação com mulheres de leite e seios fartos. A mulher sorri e acalenta um bebê em seus braços. Mãe e filho se olham, numa sintonia quase angelical. Com a imagem, todo um discurso: amamentar é cuidar, dar o melhor para o filho, nutrir, amar. Tudo isso dá a falsa impressão de que saindo da sala de parto o leite já escorre dos seios e o bebe já está preparado para a primeira sugada. Tudo seria natural, instintivo e perfeito. Então, vamos falar também das mães que não conseguem aleitar, porque essas também amam.



É preciso que se diga: o leite não sai de imediato, principalmente quando a mãe passa por uma cesarea. São dias de ansiedade e tensão entre mãe e bebê. Fala-se em três dias para o leite "descer", mas já ouvi relatos de 15 dias. São dias de choro da mãe e do bebê. As pessoas esperam visitar e encontrar a cena angelical: mãe amamentando filho. Algumas mães simplesmente não tem muito leite. Não importa se o peito é pequeno ou grande. O problema também é que vão acionar a máquina social da culpa. Ou você não insistiu o suficiente, ou não persistiu, ou é preciso haver succão, ou que absurdo dar a fórmula!...E haja rapadura preta, vitamina de doce de goiaba, cuscuz, todos os truques caseiros para "dar leite". Depois a culpa internalizada... a criança vai crescer saudável? Já vi crianças serem amamentadas por anos e depois terem sérias doenças, outras não serem e crescerem sadias. Tudo é tão relativo no mundo do maternar! 



Cada mulher vai encontrar sua forma de maternar. Não existe fórmula, prescrição. 

É isso uma das coisas que fazem as feministas serem tão odiadas e chatas. Elas tiram os veus das coisas que se mantem sob um manto quase que sagrado. Não toquem na maternidade! Não falem das verdades da amamentação! Não falem das verdades amargas do amor, do casamento e dos filhos. 

Contudo, está mais do que na hora dos nossos discursos serem mais realistas sobre as coisas, menos inventados e idealizados. Está na hora de sabermos de verdades duras, mas que precisam ser ditas, de lidarmos melhor com os sofrimentos, até aqueles esperados como falo aqui. Falarmos mais sobre as coisas talvez seja um caminho para as enfrentarmos melhor. Tanto sofrimento poderia ser evitado!



Então, amamentar é insistir e cada pessoa tem seu limite.. dói, sangra, cria cascas de ferida no peito, é cansativo. Algumas mães amamentam porque simplesmente não podem custear o leite de lata, alguns deles caríssimos. Não é opção para, imagino, muitas. O  termo "demanda livre" é estar amamentando quase de hora em hora. É ficar com um bebê por horas no peito, muitas vezes madrugada adentro. É sentir o olhar malicioso dos homens por aí ou reprovador e pudico das pessoas que te veem amamentar na rua. É ter febre porque o leite pedrou. É colocar ora compressas quentes, ora mornas. É sentir que teu peito virou algo meio público, as pessoas veem, manipulam. É dessexualizar o seio. É simplesmente não ver o leite descer e aguentar o choro inflamado do seu filho por dias e sofrer muito com isso. É quebrar o sonho e plano de querer ter podido amamentar. É sentir culpa por não conseguir. É chorar nos dias que o leite não desceu. É sentir-se um tanto quanto impotente porque a sociedade te faz acreditar que o amamentar é só aquela parte da mulher do cartaz com o filho nos braços. Também é. O fato é que não é só!

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Com certa idade você já não tem mais tanta paciência...

De disputar ninguém, nem ser disputada. Você quer é calmaria, “a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida”, como diz o Cazuza. Porque a mordida da música é o amadurecido, o vivido, aqueles amores saciados, que não tem mais a ansiedade de uma busca desenfreada que não tem fim. O que te satisfaz é um balanço de rede a dois assistindo programas clichês de domingo na televisão.


Ainda como diz a música, você quer é “transformar o tédio em melodia”. Entende como o tédio e a monotonia valem mais à pena que aquelas coisas que te deslocam de órbita, apesar de saber que às vezes são necessárias.

Para de tentar ser legal demais com todo mundo, principalmente com aquelas pessoas que te odeiam de graça. Sabe de uma coisa? A gente também tem o direito de não gostar, de não querer se entrosar, de não forçar a barra. Não tem mais paciência de tentar mostrar outra coisa de si, contra argumentar que não é o que parece ser. Você é o que é. Virou o rosto? Não respondeu a um bom dia? A vida segue! Para cada sorriso não retribuído há tantos outros “dos seus” que valem à pena!



Acredita menos em promessas, principalmente se elas são muito prontas. Do amor você não espera mais palavras bonitas, um “te amo” não te faz tremer as carnes como antes porque atitudes são a soma do amor.  

Não tem paciência de fazer estardalhaço na vida dos outros. Você se cala porque simplesmente algumas situações e pessoas não valem à pena e o esforço psíquico. Você sabe que o tempo e a vida cobram de cada um, você nem precisa ir cobrar você mesma a conta. Sabe que o dia das pessoas que fazem o mau às outras chegam e o preço é caro. Como diz o ditado, “a vingança é um prato que se come frio” e, não sei vocês, não quero me fartar de pratos frios. A própria vida ensina, deixe estar!



Já não tem mais paciência para tantas aparências. A vida é um ribombar de rasgos, erros, tropeços e acertos. A vida precisa de menos photoshop, filtros, biquinhos nas fotos e poses laterais para forçar a curva do bumbum. As pessoas deveriam é se mostrar mais cruas e reais porque são assim que são. As selfies passam a ser mais um espelho para a sua própria alma do que um veículo de curtida dos outros, uma propaganda de si mesma.  



Nem se preocupa tanto com o que as pessoas vão pensar, pois você paga muito caro pelo próprio nível de vida para que as pessoas ousem te apontar o dedo e te dar palpites sem que você peça. Aliás, sempre vão te apontar.



Não defende convicções e sim posições, entendendo que elas podem ser transitórias e abrindo-se ao novo, ao inusitado. 

Você estabelece prioridades de vida e elas passam a ser pessoas e cada vez menos coisas.



Entende que a inveja é um fenômeno tão antigo quanto a própria história da humanidade. Ela só tem valor na sua vida se você der valor a ela. Atribuir valor às coisas é dá poder a elas. Não é o facebook que irá atrair invejosos. Caim invejou Abel muito antes da era da tecnologia, vejam só! No fim das contas você percebe que a inveja é apenas um veneno para a própria pessoa.



Perfis de facebook são montagens de pessoas. Você não se surpreende com isso. Pessoas reais sofrem, temem, tremem.

Sabe também que as pessoas fora das redes geralmente são mais leves. Deixe-me ser redundante: são menos pesadas. São menos política e mais vida. Menos PT e Odebrecht e mais churrasco bem passado numa manhã de domingo em família. Menos Fora Temer e mais chacota da própria vida.

Por fim, entende que a falta de paciência para muitas coisas é um mecanismo de resguardar a si mesma, não exigir além da sua conta. É o limite que você estabelece entre o que pode ou não te afetar.

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Sobre as mulheres reais: uma tese de doutorado em andamento

Acho legal a ideia da mulher perfeita. Essa, que as gurus da ideologia de gênero esfregam na nossa cara. Eu gostaria de ser uma delas: uma esposa com o casamento blindado e concomitantemente a filha de um milionário. Gostaria de ser a esposa de um presidente, que consome milhões no cartão corporativo. Se tivéssemos esse dinheiro, certamente seríamos elas ou faríamos parecer que éramos. O que incomoda é que essas mulheres não são reais. O que incomoda é que esfreguem na nossa cara o que devemos ser, sem nos perguntar o que podemos ser.

As mulheres reais parecem bem mais aquelas descritas por Virginie Despentes (2016):

...não vendidas, das complicadas, das que tem a cabeça raspada, das que não sabem se vestir, das que tem medo de cheirar mal, das que tem os dentes podres, das que não sabem como se comportar, das que não ganham presentes dos homens, das que transariam com qualquer pessoa que as quisesse, das putonas, das putinhas, das mulheres de buceta sempre seca, das que são barrigudas, das que queriam ser homens, das que sonham em ser atrizes pornô, das que não dão a mínima para os caras mas que se interessam pelas suas amigas, das que tem bunda grande, das que tem pelos duros e bem pretos e que não se depilam, das mulheres brutais, barulhentas, daquelas que quebram tudo o que encontram pela frente, das que não gostam de cosméticos, das que usam batom excessivamente vermelho, das que são muito feias para se vestirem como gostosonas mas que morrem de vontade de faze-lo, das que querem usar roupas masculinas e barba na rua, das que querem mostrar tudo, daquelas que são pudicas por serem complexadas, das que não sabem dizer não, das que são presas para que possam ser domesticadas, das que dão medo, das que provocam pena, das que não provocam inveja, das que tem a pele flácida, cara cheia de rugas, das que sonham em fazer um lifting, uma lipoaspiração, uma plástica de nariz mas que não tem dinheiro para tanto, das que estão acabadas, das que não tem nada que as proteja a não ser elas mesmas, das que não sabem proteger, das que são indiferentes aos filhos, dessas que gostam de beber nos bares ate caírem no chão, das que não sabem manter as aparências.” (DESPENTES, 2016, 9-10)

Essas são as mulheres reais. As mulheres reais até podem gostar de cozinhar para o companheiro, mas às vezes estão cansadas para isso e desejam comer fora; sabem que o trabalho doméstico é cansativo e não ficam tentando fazer com que as mulheres engulam que não é. Limpar banheiros não é tão divertido quanto parece, meninas. As mulheres que optaram por ter filhos, mas sabem que a maternidade não é essa idealização toda que fazem. Amamentar dói, sangra, machuca também. Aquelas que estão casadas e fazem bodas de casamento, mas que já superaram violências,  traições e alcoolismo do marido, porque casar não é só uma promessa de felicidade eterna, também traz muito sofrimento. Posar de esposa feliz o tempo inteiro soa um tanto quanto hipócrita. As mulheres que tem sexo dentro do casamento, mas sabem que com o tempo ele esfria, que nem sempre se está com vontade de fazer, que pegaram doenças sexualmente transmissíveis dos próprios maridos (apesar de não terem uma vida tida como promíscua e de terem casado virgens), que optaram não ser mães todas as vezes que tomam anticoncepcional ou usam a camisinha e não forçam a barra dizendo que maternidade é instinto, que separam, na vida prática, a reprodução da maternidade sim. Não precisou de um clássico do feminismo para adotar isso na vida prática. As mulheres que fazem o "sexo socialmente aceitável", mas adoram falar sobre sexualidade com as amigas, compartilhar experiências. As mulheres que se depilam, mas que tem noção de como a depilação dói. As mulheres que se desdobram para dar uma ótima educação para os filhos. Aquelas, que enquanto viajam pelo Brasil com suas atividades profissionais tem a diarista em casa, uma cozinheira, os filhos estão na creche ou na escola. Essas são as mulheres reais. Não aquelas que parecem mostrar que são do lar o tempo inteiro e que dedicam integralmente suas vidas ao ambiente doméstico. Aquelas que tentam até transparecer a pose de uma moça jovem e feliz, mas que sofrem preconceitos porque se relacionam com homens bem mais velhos.

Isso porque

..o ideal de mulher branca, sedutora mas não puta, bem casada mas não nula, que trabalha mas sem tanto sucesso para não esmagar seu homem, magra mas não neurótica com a comida, que continua indefinidamente jovem sem se deixar desfigurar por cirurgias plásticas, uma mamãe realizada que não se deixa monopolizar pelas fraldas e pelos deveres de casa, boa dona de casa sem virar empregada doméstica, culta mas não tao culta quanto um homem; essa mulher branca e feliz, cuja imagem nos é esfregada o tempo todo na cara, essa mulher com a qual deveríamos nos esforçar para parecer – tirando o fato de que elas devem ficar de saco cheio com qualquer coisa – devo dizer que jamais a conheci, em lugar algum. Acredito até que ela nem mesmo exista.” (DESPENTES, 2016, p. 11)


quinta-feira, 11 de maio de 2017

Carta ao Vitor

Essa carta é inspirada no mais recente livro da Chimamanda e no dia das mães que acontecerá domingo.

Filho, em primeiro lugar, não importa o tamanho da sua pintinha. Isso é importante para os homens, mas nós, mulheres, sabemos que tamanho não é documento e que isso não influencia no prazer de uma mulher.

Se você tem o quarto decorado com azul é pura preferência pessoal. Cor não tem sexo.

Se projetamos uma vida para você antes mesmo de nascer, nos perdoe. Não há como não fazer isso. Você pode preferir livros a armas, o seu boneco Buzz ao invés do Woody, desenhos animados ao invés de videogames, natação ao invés de futebol. No entanto, experiência é uma coisa válida. Escute os mais velhos.

Sua pintinha não é um troféu para ser ostentada, tocada por todos, vista, cheirada, muito menos estimulada, atribuindo um valor sexual que você sequer é capaz de pensar. Você não é privilegiado por isso e sim pela dádiva da vida e por nascer rodeado de amor.

Até a adolescência você não namora. Você é apenas uma criança. Viva esse momento plenamente, pois é a melhor fase da vida. Brinque, brinque muito. Meninos não paqueram menininhas. Apenas devem sentir que são seres pequeninos que nem você e possíveis companhias para brincar. Definitivamente, crianças não namoram! Não se permita adultizar antes do tempo.

Reserve sua primeira vez para alguém que sinta que realmente vale à pena. Você não entra numa pessoa apenas com o corpo, você entra com a alma. Você deixa marcas nas pessoas.

Não acredite nessa história estapafúrdia de que um homem é macho porque tem muitas mulheres. Eu espero é que você ame, ame demais. Amar todo mundo é fácil e dizer que ama, mais ainda. Amor é ação. O desafio maior não é amar uma ou várias pessoas a cada dia, mas renovar o amor a cada dia por uma mesma pessoa.

Não saia por aí usando as mulheres como quem toma água e joga o copo no lixo. Ninguém é objeto para ser descartado. Pessoas não são só corpos, elas tem sentimentos. E nós, mulheres, somos educadas a colocar muito valor nos sentimentos. O problema é que homens não são educados a fazer o mesmo e fica esse desencontro sem fim. Na vida adulta todos nós sentimos o peso dessa contradição!

Entenda bem: o corpo de uma mulher é dela. Você não tem o direito de tocar sem o consentimento dela. Se por um momento pensar que o problema está na roupa que ela veste, na verdade, o problema está é com você.

Respeite, ame, cuide. Se fizeram um pacto de fidelidade mútuo, respeite isso. No mundo em que vivemos as pessoas decidem se querem estar com as outras. Elas não são mais obrigadas pelos pais ou por questões financeiras. Elas estão com as outras porque querem estar, sem pressão. Existe um mundo de possibilidades de outras pessoas, relacionamentos abertos, mas se você fez a escolha por uma, honre sua decisão. Seja responsável pelas suas escolhas. Não escolha ser desleal com ninguém.

Jamais agrida uma mulher! Mas também não adianta muito não bater, mas deixar marcas de sofrimento emocional incuráveis. A violência vai para além de tapas dados. A violência é uma ação que doi no outro, seja com palavras ou tapas. Escolha não ferir ninguém.

Homens podem cozinhar. Não é prerrogativa de mulher. Isso é uma das bases para um relacionamento saudável no futuro. Dividir é algo nobre.

Carrinhos são divertidos porque vão desenvolver tua autonomia no futuro. Legos desenvolvem nosso raciocínio. O importante é que você desenvolva todas as suas potencialidades.

Chorar não é feio para um homem. Chorar é humano. É quando a dor ou a felicidade não cabem mais no corpo e tudo transborda em água pelos olhos!

Existem pessoas más no mundo, outras sem caráter, mentirosas, vazias. Existem também aquelas que são capazes de fazer o mau movidas por violentas emoções. Espero que você não encontre elas, mas sei que é inevitável. Também não esqueça que existem pessoas que tentam fazer o bem, são agradáveis, bondosas. Você vai duvidar até que ponto as pessoas podem chegar e do que são capazes, mas não perca a esperança. Contudo, escolha sempre ser uma boa pessoa, com caráter, dizer a verdade e fazer a coisa certa. Escolha parecer com esse segundo grupo.

Pense nos outros. Não há escolha puramente individual. Todas as nossas escolhas também são sociais e rebatem nos outros ao nosso redor. Ações e omissões falam. Faça o certo ainda que todos estejam fazendo o errado.

O que você aprender nos livros é importante, mas não esqueça dos valores de casa. Livros podem ser interessantes, mas não funcionam bem como guias para lidar com a vida.

Cristianismo envolve uma mudança de caráter. Seja coerente com suas crenças. Religião é outra coisa e, geralmente, é ela que funciona como cassetete sobre as outras pessoas.

Por fim, se for escolher alguém para confiar, se possível, escolha sua família porque eu te amo antes mesmo de te conhecer.