De
disputar ninguém, nem ser disputada. Você quer é calmaria, “a sorte de um amor
tranquilo, com sabor de fruta mordida”, como diz o Cazuza. Porque a mordida da
música é o amadurecido, o vivido, aqueles amores saciados, que não tem mais a
ansiedade de uma busca desenfreada que não tem fim. O que te satisfaz é um balanço
de rede a dois assistindo programas clichês de domingo na televisão.
Ainda
como diz a música, você quer é “transformar o tédio em melodia”. Entende como o
tédio e a monotonia valem mais à pena que aquelas coisas que te deslocam de
órbita, apesar de saber que às vezes são necessárias.
Para
de tentar ser legal demais com todo mundo, principalmente com aquelas pessoas que
te odeiam de graça. Sabe de uma coisa? A gente também tem o direito de não gostar,
de não querer se entrosar, de não forçar a barra. Não tem mais paciência de
tentar mostrar outra coisa de si, contra argumentar que não é o que parece ser.
Você é o que é. Virou o rosto? Não respondeu a um bom dia? A vida segue! Para cada
sorriso não retribuído há tantos outros “dos seus” que valem à pena!
Acredita
menos em promessas, principalmente se elas são muito prontas. Do amor você não espera
mais palavras bonitas, um “te amo” não te faz tremer as carnes como antes
porque atitudes são a soma do amor.
Não
tem paciência de fazer estardalhaço na vida dos outros. Você se cala porque
simplesmente algumas situações e pessoas não valem à pena e o esforço psíquico.
Você sabe que o tempo e a vida cobram de cada um, você nem precisa ir cobrar
você mesma a conta. Sabe que o dia das pessoas que fazem o mau às outras chegam
e o preço é caro. Como diz o ditado, “a vingança é um prato que se come frio”
e, não sei vocês, não quero me fartar de pratos frios. A própria vida ensina,
deixe estar!
Já
não tem mais paciência para tantas aparências. A vida é um ribombar de rasgos,
erros, tropeços e acertos. A vida precisa de menos photoshop, filtros,
biquinhos nas fotos e poses laterais para forçar a curva do bumbum. As pessoas deveriam é se mostrar mais cruas e reais porque
são assim que são. As selfies passam a ser mais um espelho para a sua própria
alma do que um veículo de curtida dos outros, uma propaganda de si mesma.
Nem
se preocupa tanto com o que as pessoas vão pensar, pois você paga muito caro
pelo próprio nível de vida para que as pessoas ousem te apontar o dedo e te dar
palpites sem que você peça. Aliás, sempre vão te apontar.
Não defende convicções e sim posições, entendendo que elas podem ser transitórias e abrindo-se ao novo, ao inusitado.
Você
estabelece prioridades de vida e elas passam a ser pessoas e cada vez menos
coisas.
Entende
que a inveja é um fenômeno tão antigo quanto a própria história da humanidade. Ela
só tem valor na sua vida se você der valor a ela. Atribuir valor às coisas é dá
poder a elas. Não é o facebook que irá atrair invejosos. Caim invejou Abel muito
antes da era da tecnologia, vejam só! No fim das contas você percebe que a
inveja é apenas um veneno para a própria pessoa.
Perfis
de facebook são montagens de pessoas. Você não se surpreende com isso. Pessoas reais
sofrem, temem, tremem.
Sabe
também que as pessoas fora das redes geralmente são mais leves. Deixe-me ser
redundante: são menos pesadas. São menos política e mais vida. Menos PT e
Odebrecht e mais churrasco bem passado numa manhã de domingo em família. Menos
Fora Temer e mais chacota da própria vida.
Por
fim, entende que a falta de paciência para muitas coisas é um mecanismo de
resguardar a si mesma, não exigir além da sua conta. É o limite que você
estabelece entre o que pode ou não te afetar.