sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Essa é para você que não é mãe!

Longe de mim generalizar minha experiência com a maternidade, fazer dela um salvo-conduto para qualquer ação ou idealizá-la demais, mas ela me tornou uma pessoa melhor, mais consciente e mais madura. 

Um dia eu fui a mulher que afirmou categoricamente: nunca serei mãe! Não tenho paciência para crianças, não sei lidar com elas, conversar ou brincar. Às vezes até afirmava que não gostava delas.

Eu era aquela que fazia cara feia para as crianças barulhentas na igreja e para as mães delas também. Às vezes até reclamava, mudava de lugar. Era aquela que me irritava com crianças dando piti em shoppings, inquietas em filas. Era aquela que ficava zangada quando uma mãe sentava com o filho na mesma mesa que eu para lanchar.



Não entendia o porquê de a maioria das mães que eu conhecia terem pouco acesso às redes sociais ou responderem com demora às minhas mensagens no zap. Não entendia a obsessão por publicações só sobre os filhos. Achava que queriam furar filas usando seus bebês de colo. Achava que algumas até se utilizavam do fato de estarem grávidas ou ter seus nenéns para terem a desculpa de serem mais relapsas com o trabalho ou a vida acadêmica. Eu evitava o olhar dos pequenos. Eu fui tudo isso. Então, o que posso aconselhar é:



Não afirmem que nunca serão mães. Nossos projetos de vida mudam com a idade e as circunstâncias.  

Carregar um barrigão cansa, dói a coluna, pesa na bexiga, provoca inchaço nos pés. Quem enjoa, enjoa mexxxmo... Então, compreendam as saídas no meio das reuniões, das aulas, as faltas justificadas...sejamos mais empáticos.



Às vezes me falta paciência até para meu pequeno, mas é quando já estou no limite de minhas forças. Então, sou um pouco mais tolerante com a mãe que repreendeu um filho...

Continuo inapta com crianças, às vezes me sentindo um peixinho fora d'água, sem saber lidar direito com a maternidade, mas estou tentando. Entendo as crianças como mini-adultos desarmados (sem fazer todos esses jogos que os adultos fazem, sem muito pudor para certas perguntas, sinceras demais)... Mais que tudo isso: não saber lidar com crianças não é o mesmo que não gostar delas!

Troquem a cara feia pelo olhar de compreensão. Se tiver o mínimo de habilidade, chame a atenção da criança com alguma coisa, ofereça apoio à mãe em agonia, nem que seja com o olhar. Certamente a mãe não queria estar naquela situação.

Não se importe se uma mãe sentar com você. Não é sua companhia que ela quer compartilhar, mas a mesa espaçosa, a ventilação, a sonoridade do espaço em que a mesa foi colocada...

Amamos demais nossos pequenos. Nossas vidas mudaram drasticamente. Nossas vidas são eles e, portanto, nossas redes sociais também.



Pode até ser que uma mãe abuse de algum direito que tem, mas ela tem direito de ser preferencial. Filhos de colo, pelo que passo e observo, preferem o colo da mãe a qualquer outro. Ainda que esse outro esteja próximo, como uma avó ou um pai.



Largamos o celular no meio de uma conversa no zap, não respondemos de imediato aquele e-mail ou aquele inbox. Algumas das mensagens requerem respostas mais demoradas que só numa boa "dorminada" dos babys poderão ser respondidas. Às vezes isso demora dias!



Mães somem. Há dias fáceis e difíceis na maternidade e os difíceis são a maioria deles. Então, não é porque ela se distanciou deliberadamente, mas apenas o filho tomou todo o seu tempo.

As publicações são coisas do tipo “tocar a campainha e sair correndo”. Sem muito tempo para rolar a tela do smarthphone. Apenas postar algo especial do dia a dia.


Por fim, aonde houver uma mãe, ela sempre precisará de ajuda. Ofereça. Se não puder, apenas compreenda.