quinta-feira, 9 de março de 2017

A vida nos rasga ao meio

Há situações na vida que nos rasgam ao meio. Pode ser a perda de um ente querido, uma separação, uma traição. São feridas que parecem nunca cicatrizar. São dores emocionais que parecem nunca se curar e que a gente pensa que não vai dar conta de suportar. Dizem que pancadas doem, mas há palavras e ações que deixam vazios na alma, lágrimas que parecem não se esgotar, rasgões dentro da gente. 


O tempo, esse não vai parar para você sofrer a sua dor, sarar sua ferida. O trabalho te solicita. As contas não param de chegar. As responsabilidades chegam. As pessoas vivem ao redor como se nada tivesse acontecido. O universo continua girando apesar da sua dor. Você se vê, então, tendo que sobreviver assim, mesmo ferida. É a lei da vida, como se dissesse: você tem que suportar, vai ter que viver, dê um jeito! 



Não há dores maiores do que você possa suportar. Apesar da vontade de morrer em cima da cama, de não viver mais, você continua ali, vivendo, sobrevivendo. Os dias passam como conta-gotas. A dor que você sente amanhã já não é a mesma que você sente hoje. Dói, mas de um jeito diferente, cada dia menos, mesmo que pareça pouco. Anos depois você pode olhar para as marcas, lembra que elas estão ali, mas já não ardem mais. 


Ninguém nunca está preparado e forte o suficiente para nada isso. É sempre o improvável do que vai acontecer e de como vamos reagir. Todas essas coisas nos pegam sempre de sopetão, tiram nosso chão e jogam areia nos nossos olhos. Mas você vive, tem que viver! Depois você muda, porque parece que a dor te dá a oportunidade sempre de reinventar algumas pessoas melhores e outras piores, mas sempre de um jeito diferente do que eram. Não há rasgo que não deixe um remendo.