Há situações na vida que
nos rasgam ao meio. Pode ser a perda de um ente querido, uma separação, uma
traição. São feridas que parecem nunca cicatrizar. São dores emocionais que parecem
nunca se curar e que a gente pensa que não vai dar conta de suportar. Dizem que
pancadas doem, mas há palavras e ações que deixam vazios na alma, lágrimas que
parecem não se esgotar, rasgões dentro da gente.
O tempo, esse não vai parar
para você sofrer a sua dor, sarar sua ferida. O trabalho te solicita. As contas
não param de chegar. As responsabilidades chegam. As pessoas vivem ao redor
como se nada tivesse acontecido. O universo continua girando apesar da sua dor.
Você se vê, então, tendo que sobreviver assim, mesmo ferida. É a lei da vida, como
se dissesse: você tem que suportar, vai ter que viver, dê um jeito!
Não há dores maiores do
que você possa suportar. Apesar da vontade de morrer em cima da cama, de não viver
mais, você continua ali, vivendo, sobrevivendo. Os dias passam como
conta-gotas. A dor que você sente amanhã já não é a mesma que você sente hoje. Dói,
mas de um jeito diferente, cada dia menos, mesmo que pareça pouco. Anos depois você
pode olhar para as marcas, lembra que elas estão ali, mas já não ardem mais.
Ninguém
nunca está preparado e forte o suficiente para nada isso. É sempre o improvável
do que vai acontecer e de como vamos reagir. Todas essas coisas nos pegam
sempre de sopetão, tiram nosso chão e jogam areia nos nossos olhos. Mas você vive,
tem que viver! Depois você muda, porque parece que a dor te dá a oportunidade
sempre de reinventar algumas pessoas melhores e outras piores, mas sempre de um
jeito diferente do que eram. Não há rasgo que não deixe um remendo.