Para alguns, adicionando uma
dose de nazismo, pelos nas pernas e axilas, uma porção de “lesbianismo”, uma
vontade de ser e tomar o lugar dos homens, autoritarismo, ateísmo, falta de
Deus, de conversão ou do que fazer, loucura, masculinidade, comunismo e não aceitação dos
papéis que a “natureza” ou Deus predeterminou.
Para uma boa dose de coletivos
feministas, uma sororidade quimérica, uma necessidade de politização da vida
social de outras mulheres e da própria vida, em todos os aspectos. A
independência e a autonomia confundidas muitas vezes com autossuficiência. Uma
mulher maravilha, quem sabe?
E o que eu acho que devam ser
os ingredientes de uma feminista?
Os ingredientes que cada mulher
puder ter em seu estoque pessoal, na própria dispensa. O fermento vai
funcionando paulatinamente, pois ninguém já nasce feminista totalmente
desconstruída. O combustível também depende de cada uma. Tem mulheres que usam
combustível na escrita, outras nas ruas, outras na vida pessoal. O importante e
o que faz ser feminismo é respingar esse combustível em outras mulheres.
Para ser feminista não existe
receita. Basta não querer se sentir uma merda, um nada. Basta não querer
carregar a culpa do mundo nas costas ou ser responsabilizada pela
atitude dos outros. Basta olhar com desconfiança para o mito do gene sexual que TUDO manda em mim, controlando cada passo que dou, cada gosto, cada pensamento.
Você pode até se relacionar
com um macho alfa. Pode até não ter a divisão sexual do trabalho doméstico
dividida igualitariamente com seu parceiro. Pode até competir com outras
mulheres vez ou outra sem se dar conta. Pode não conseguir educar seus filhos
de forma totalmente desconstruída. Pode ser cristã, mãe, esposa, feminina.
O que une uma feminista a
outra é que, primeiro, somos mulheres. Não nos conformamos com o machismo, ainda que não tenhamos
a força suficiente para mudá-lo sequer em nossas vidas pessoais. Ninguém pode
carregar nas costas o peso de mudar o mundo à sua volta porque ninguém tem esse
poder. O que podemos fazer, no máximo, é sair questionando as coisas. Isso força
as pessoas a se depararem com outros pontos de vista, mesmo que seja para
reforçar esses mesmos pontos de vista. O que une também cada feminista é estar
mergulhada em machismos e não se conformar com eles, mesmo num silêncio
angustioso, profundo... Em casa, na rua, nas relações. Então, sinta-se à
vontade para ser humana, real, falha, de carne e osso, com todas as suas
fraquezas e, ainda por cima, feminista.