quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Feminismo não é religião!

O feminismo não deve ser visto e exercido como uma religião: precisamos catequizar as pessoas e torná-las feministas. Feminismo, definitivamente, não é religião. Nosso projeto de sociedade não está assentado em outros planos do cosmos, mas sim no mundo terreno, na sociedade atual. As mudanças que queremos para o mundo devem estar plantadas aqui mesmo, no chão da realidade. O mundo ideal não está num plano superior, divino, inumano; ele pode e deveria estar aqui, fincando raízes na Terra. Talvez esse plano ideal nem precisasse mais do feminismo, pois nele as pessoas tratariam umas às outras com respeito.

Nosso intuito não é catequizar ninguém, nem mulheres, nem homens, nem antifeministas. Quando falamos que mulheres deveriam ser atingidas pelo feminismo é o mesmo que dizer que mulheres deveriam saber enxergar as amarras de violência, de abusos a que estão submetidas. Também não é um discurso no qual somos vistas como as mulheres que detêm um saber-poder que deva atingir as que não tem, que são mulheres alienadas das relações de poder que estão submetidas. Nós, feministas, também estamos inseridas nessas relações de poder e nos vemos em contradições pessoais e sociais que precisamos mudar.

Não propomos uma cruzada santa (ou mesmo profana) contra os homens ou a igreja de Cristo na Terra. O que propomos são relações mais saudáveis entre homens e mulheres, respeitosas, livres de violências e abusos. O que propomos é um caminhar lado a lado: nem abaixo dos homens, nem acima deles.