sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Com quais ingredientes se faz uma feminista?


Para alguns, adicionando uma dose de nazismo, pelos nas pernas e axilas, uma porção de “lesbianismo”, uma vontade de ser e tomar o lugar dos homens, autoritarismo, ateísmo, falta de Deus, de conversão ou do que fazer, loucura, masculinidade, comunismo e não aceitação dos papéis que a “natureza” ou Deus predeterminou.



Para uma boa dose de coletivos feministas, uma sororidade quimérica, uma necessidade de politização da vida social de outras mulheres e da própria vida, em todos os aspectos. A independência e a autonomia confundidas muitas vezes com autossuficiência. Uma mulher maravilha, quem sabe?



E o que eu acho que devam ser os ingredientes de uma feminista?

Os ingredientes que cada mulher puder ter em seu estoque pessoal, na própria dispensa. O fermento vai funcionando paulatinamente, pois ninguém já nasce feminista totalmente desconstruída. O combustível também depende de cada uma. Tem mulheres que usam combustível na escrita, outras nas ruas, outras na vida pessoal. O importante e o que faz ser feminismo é respingar esse combustível em outras mulheres.

Para ser feminista não existe receita. Basta não querer se sentir uma merda, um nada. Basta não querer carregar a culpa do mundo nas costas ou ser responsabilizada pela atitude dos outros. Basta olhar com desconfiança para o mito do gene sexual que TUDO manda em mim, controlando cada passo que dou, cada gosto, cada pensamento.



Você pode até se relacionar com um macho alfa. Pode até não ter a divisão sexual do trabalho doméstico dividida igualitariamente com seu parceiro. Pode até competir com outras mulheres vez ou outra sem se dar conta. Pode não conseguir educar seus filhos de forma totalmente desconstruída. Pode ser cristã, mãe, esposa, feminina.


O que une uma feminista a outra é que, primeiro, somos mulheres. Não nos conformamos com o machismo, ainda que não tenhamos a força suficiente para mudá-lo sequer em nossas vidas pessoais. Ninguém pode carregar nas costas o peso de mudar o mundo à sua volta porque ninguém tem esse poder. O que podemos fazer, no máximo, é sair questionando as coisas. Isso força as pessoas a se depararem com outros pontos de vista, mesmo que seja para reforçar esses mesmos pontos de vista. O que une também cada feminista é estar mergulhada em machismos e não se conformar com eles, mesmo num silêncio angustioso, profundo... Em casa, na rua, nas relações. Então, sinta-se à vontade para ser humana, real, falha, de carne e osso, com todas as suas fraquezas e, ainda por cima, feminista.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário